
Um grupo de familiares e amigos reunidos sob a denominação “Grupo Meimei”, inspirados nos ideais espíritas e sentindo a necessidade de atuações práticas coerentes com esses ideais, constituíram o Instituto “Paulo de Tarso” em 5 de fevereiro de 1959. Inicialmente a atuação do grupo era no espaço do Centro Espírita União e Caridade, gentilmente cedido por alguns dias da semana, em que eram realizadas atividades terapêuticas com bases magnéticas (passe magnético, fluidificação de águas, preces e vibrações), além, é claro, do estudo da doutrina.
Posteriormente, as atuações do grupo puderam ser ampliadas graças a um comodato com o Centro Espírita Batuíra. Assim, com uma área maior, foram iniciados atendimentos médicos de pessoas impossibilitadas de custeá-los. Nesse período, o Direito à Saúde não era considerado uma obrigação do Estado, de modo que o acesso a cuidados médicos ficava limitado a categorias profissionais mais organizadas, que tinham seus próprios Institutos de Aposentadoria e Pensão, ao passo que os demais cidadãos deviam recorrer a instituições como as casas beneficentes.
No Instituto, os atendimentos de saúde, integralmente gratuitos, eram realizados no ambulatório de medicina psicossomática, de concepção bastante avançada para a época, e no serviço de atenção à saúde da gestante e do recém-nascido, pautado em princípios de prevenção e promoção da saúde materno-infantil que mais tarde seriam adotados no Sistema Único de Saúde. O apoio à mulher-mãe na gravidez e no pós-parto era complementado com informações básicas de autocuidado e puericultura, enxoval do bebê e, quando necessário, fornecimento de cestas básicas pelo grupo de visitadores. Por essa época, inicia-se também a Livraria Espírita. Todas essas atividades eram geridas pelos voluntários do Instituto.

Com a aquisição de recursos materiais na década de 1960, como o terreno em que hoje é sediada a Instituição, e a disposição do grupo, foi montado o “Lar Espírita de Célia e Lívia” que, na época, também representava uma necessidade da sociedade brasileira ante as abstenções do Estado e a forma como a sociedade encarava a questão da infância e juventude. O Lar acolheu inúmeras crianças e jovens, promovendo, além do abrigo e da guarda legal, a formação espírita-cristã e a instrução formal na pré-escola e no então chamado ensino de primeiro grau. Esta etapa da Instituição era bastante famosa pelas “sopas da Vó Leonor”, uma das sócias fundadoras que era notável pelo carinho, calma e simpatia com que tratava a todos e que abrigou as crianças nos primeiros anos do Lar, enquanto a atual sede ainda não estava pronta. Além disso, para que fosse possível manter o Lar em funcionamento, eram realizadas as “campanhas de fraternidade” em que os colaboradores da instituição passavam pelas residências da cidade de Ribeirão Preto solicitando doações de gêneros alimentícios.
No início da década de 1980, a sociedade amadurece sua concepção de infância e juventude, e a Instituição novamente modifica sua atuação. Dessa vez, o Instituto dedicou-se ao ensino para crianças e adolescentes da comunidade, na faixa dos quatro aos 14 anos, ou seja, desde o jardim de infância até o final do primeiro grau, que correspondia ao ensino fundamental de oito anos. Assim, a Escola de Primeiro Grau, fundada na década de 1970, ganha destaque e mais uma vez a Instituição atuava como sociedade civil organizada na busca de efetivação de direitos que o Estado ainda não conseguia garantir. Com a progressiva universalização do ensino público e gratuito no Estado de São Paulo, gradativamente a Instituição passou a concentrar sua atuação educacional junto às faixas etárias mais jovens.
Atualmente a Instituição promove educação e cuidados, em creche de tempo integral, a crianças de quatro meses a quatro anos de idade, com o objetivo de promover seu desenvolvimento sensório-motor, cognitivo, linguístico e sócio-emocional. No dia a dia, a criança participa de atividades lúdicas mediadas por educadoras, dando-lhe subsídios para a construção de conhecimentos futuros. Nas turmas de berçário, enfatiza-se a interação adulto-criança e a exploração sensório-motora. Nas turmas de maternal, priorizam-se as brincadeiras de faz de conta, o desenvolvimento de projetos e a expressão narrativa e artística.

As fontes de recursos para a manutenção da associação são provenientes de donativos e contribuições de pessoas físicas, pessoas jurídicas, órgãos públicos, bens próprios e eventos organizados pela Instituição.
Contudo, mais uma vez tocada pela felicidade de perceber a sociedade brasileira progredindo em suas pautas, a Instituição está em um momento de transição pois, agora, o Estado passa a ser totalmente responsável pela educação de crianças no ensino infantil. A discussão sobre educação progride e não está mais em foco a abrangência de escolas, mas a qualidade delas. Assim, ressalta-se na agenda pública a formação de educadores fortalecidos em suas práticas pedagógicas e envolvidos nos mecanismos de participação democrática para efetivação de direitos.