“Ninguém educa ninguém e ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Paulo Freire

A educação é um ato coletivo, uma tarefa que pressupõe trocas entre as pessoas envolvidas direta ou indiretamente no processo educativo. Para falarmos de educação ao longo desse texto, adotaremos a concepção histórico-cultural, que também embasa a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e o Referencial Curricular da Rede Municipal de Ribeirão Preto e é tratada por diversos autores, tais como Vygostky.
Para essa concepção, o processo de aprendizagem é um dos principais objetivos de toda a prática pedagógica e acontece na interação do sujeito com o meio, ou seja, a aprendizagem é resultado das interações entre os indivíduos e diferentes mediadores. Com base nisso, esse texto traz uma breve reflexão sobre a importância do envolvimento de diferentes pessoas e diferentes setores no processo educativo realizado nas unidades escolares e, embora reconheça que efetivar isso na rotina de uma instituição escolar não seja tarefa simples, os resultados se mostram sempre muito potentes.
Quando se trata das escolas administradas pelo terceiro setor e que fazem parceria com o Poder Público por meio da LF nº 13.019/2014, esse trabalho em conjunto no município de Ribeirão Preto tem se aprimorado a cada ano. Essas parcerias, que acontecem em unidades escolares de educação infantil, não se limitam ao âmbito administrativo, também englobam as relações que tecem seus currículos, seus projetos, suas práticas, suas ações e interações institucionais.
Se buscamos uma escola que seja capaz de realizar de fato as mudanças desejáveis para contribuir com a formação de uma sociedade justa e igualitária, por meio do desenvolvimento integral das crianças que ali frequentam, é de fundamental importância que ela tenha clareza de seu currículo, de sua proposta pedagógica, de seu sistema de avaliação (que no caso da educação infantil não deve ter objetivo de promoção e sim de acompanhamento do processo de desenvolvimento infantil) e do seu compromisso e capacidade de agir e refletir sobre a realidade com que atua.
Podemos perceber que, quando esse importante trabalho é entendido e dividido entre os envolvidos nessas instituições, ele multiplica os resultados para as crianças e para suas famílias. E são essas práticas que podemos observar na cidade de Ribeirão Preto.
O trabalho colaborativo entre a Secretaria Municipal da Educação e as escolas parceiras tem crescido exponencialmente, e é inegável que a participação de todos os trabalhadores da educação externos aos muros da escola têm ajudado a produzir bases para que o Projeto Pedagógico e o trabalho do professor diretamente com a criança seja efetivo e transformador, aprimorando sua prática pedagógica cotidiana e construindo uma educação de qualidade.
No município de Ribeirão contamos com 105 Escolas de Educação Infantil, cada uma com suas peculiaridades. O reconhecimento das condições sociais, culturais e econômicas dos alunos, suas famílias e o seu entorno é de fundamental importância na construção das propostas pedagógicas. Dessa maneira, o trabalho colaborativo tem sido pensado tanto de forma geral, o que garante uma cultura de rede e que o mesmo tipo de formação e informação alcance a todas as unidades escolares, como de maneira localizada, por meio da demanda particular de cada instituição e o envolvimento de diversos setores que colaboram e contribuem para que a escola consiga ter instrumentos, apoio e materiais para resolver as suas questões da melhor forma dentro da sua realidade.
Assim, a aprendizagem democrática, por meio da dialogação entre alunos, pais, professores, trabalhadores da educação e agentes externos aos muros da escola, muda a vida escolar de todos os envolvidos, transformando o processo educativo em uma tarefa efetivamente coletiva.

*Kelly Regina Cruz Capel, chefe da seção de gestão de unidades em parceria com a SME – RP.