*Edna Maria Marturano
Políticos em campanha para cargos executivos apresentam suas plataformas de governo com propostas para a saúde, a educação, a Infraestrutura, a segurança pública… Jesus também veio um dia apresentar sua plataforma de governo para o planeta. Viaje conosco em direção às tradições evangélicas e descubra, com a chave espírita, o que elas revelam sobre a plataforma de Jesus, vinculada ao sistema de governo do universo. É uma viagem para entender a motivação e a finalidade do fenômeno que dividiu o tempo planetário em duas eras – antes e depois de Cristo.
O governo do Universo e a investidura de Jesus Cristo
Antecipando especulações bem atuais, Jesus declarou certa vez: “na casa de meu Pai há muitas moradas”[1]. Com essa afirmação, Ele revelava a pluralidade dos mundos habitados por filhos de Deus, Espíritos imortais como nós.
Segundo o Espiritismo, a governança desses mundos está subordinada ao princípio da evolução, ou seja, deve visar ao progresso moral e intelectual de seus habitantes, por meio de encarnações sucessivas.
E quem é que dirige os mundos? Quem monitora e orienta esse processo evolutivo?
Reza a tradição que, no governo do Universo, os colegiados, os ministérios e os cargos executivos são atribuídos por Deus de acordo com uma hierarquia de mérito. Trata-se de uma “comunidade de Espíritos puros e eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias” [2]. Esses Espíritos não são privilegiados, eles chegaram à perfeição espiritual à custa dos próprios esforços em milhares de milhares de encarnações em diferentes mundos habitados. São os anjos.
Jesus, que faz parte dessa comunidade de espíritos puros, é o Divino Governador da Terra. Como representante dos interesses de Deus junto do coração humano, sua administração visa ao progresso de todos em direção à perfeição espiritual. Para atender a esse objetivo, o Mestre adota a política divina, que é a política do amor[3].
A política sem partido: se todos adotam, todos ganham
É comum encontrarmos a palavra “política” associada a poder, domínio. Mas seu sentido próprio, relacionado à raiz grega “polis”, remete ao governo da cidade ou do estado. A política é o conjunto de princípios e práticas para a organização da vida em comunidade.
A política do amor é instrumento indispensável para conduzir as comunidades cósmicas no percurso da sua evolução individual e coletiva. Os programas de governo planetário são derivados dela e visam ao determinismo do bem. Diferente da nossa pequena política, em que a responsabilidade da maioria da população na vida pública se limita à sua função de eleitor, essa macropolítica demanda de cada cidadão do universo o exercício direto das práticas de governança da comunidade.
Exemplificando: no planeta Terra, a participação do cidadão cósmico na política planetária se expressa no viver ético, construído na base do respeito ativo a tudo e a todos que compõem este planeta. É o amor em ação. Se todos aderem, todos ganham. O cidadão contribui para a harmonia geral e recebe os benefícios da paz.
Uma plataforma de governo para a Terra
O viver ético como opção de cada habitante do planeta é a meta de governo de Jesus Cristo. Sua encarnação no planeta, noticiada com antecedência por profetas como Isaías e Zacarias, foi cuidadosamente planejada para que Ele pessoalmente viesse apresentar seu programa de governo à humanidade, em vias de alcançar sua maioridade consciencial, para a compreensão e o exercício pleno da prerrogativa de participar da política planetária.
O primeiro ponto do seu programa foi anunciado por um anjo a José, seu pai, antes mesmo do seu nascimento: “Ele salvará o seu povo dos pecados deles”[4]. Mais tarde o próprio Jesus exporia as prioridades decorrentes dessa plataforma, mas a base estava lançada.
Qual o sentido de tal programa? Podemos supor que seu objetivo principal é libertar cada cidadão planetário dos impulsos internos que nos induzem a escolhas pessoais em desacordo com a política divina do amor.
Nossa adesão à plataforma do Cristo
No desdobramento de sua missão, Jesus demonstrou, em exemplos impactantes, como deve ser a nossa adesão ao seu programa salvador: basta cultivar o perdão, a reconciliação, a tolerância, a retribuição do mal com o bem, a ajuda incondicional…
São atitudes contrárias ao que nos sugerem o egoísmo e o orgulho, determinantes de escolhas equivocadas, por sempre situarem o interesse particular acima da justa necessidade do próximo.
Ao longo de séculos, nós até que estamos melhorando. Aos poucos, vamos deixando para trás anomalias instituídas, como a lei de talião, a escravidão, a tortura e a pena de morte. Também na vida pessoal estamos aprendendo a ser menos vingativos.
Tristemente, ainda temos guerras entre nações e ainda circulamos no dia a dia como motoristas irrefletidos, que violam regras de trânsito e criticam quem transgride as mesmas regras…
Seguimos a passo de tartaruga. Mas Jesus é paciente e o amor é lei. Um a um, todos vamos aderir. O governo planetário é corresponsabilidade nossa.
[1] João, 14:2
[2] Emmanuel (1939). A caminho da luz. Psicografia F. C. Xavier. Cap. 1. A gênese planetária. Ed. FEB.
[3] Emmanuel (1952). Vinha de luz. Psicografia F. C. Xavier. Cap. 59. Política divina. Ed. FEB.
[4] Mateus 1:21
