Escrito por Edna Maria Marturano
Pai Nosso
Pai Nosso que estás nos céus… Por que será que Jesus invocou Deus como Pai, se no livro sagrado do seu povo Ele era chamado de Senhor dos Exércitos? Quais as implicações dessa nossa filiação divina para a vida prática de cada dia? Que céus são esses onde Deus está, ou, por outra, qual o endereço de Deus? Neste texto alinhamos algumas reflexões inspiradas no Espiritismo codificado por Allan Kardec.
Deus é Pai
Jesus nos apresenta o Senhor da Vida e dos mundos com o doce nome de Pai.
Deus é nosso pai porque nos deu a vida. Ele criou tudo que existe, é dono de tudo. E nós, seus filhos, somos seus herdeiros legítimos. E o que nós herdamos de Deus? A imortalidade e as virtudes, como o amor, que estão latentes em nós e se desenvolvem com a educação da alma. Por isso Jesus disse: O reino dos céus está dentro de vós. E disse também: Vós sois deuses. Temos em ponto pequeno todos os poderes de Deus esperando por nosso esforço de autoeducação.
Mas Deus é nosso Pai não só porque nos criou: ele é pai porque cuida de nós e nos educa.
Deus cuida de nós por meio de sua Divina Providência, uma rede inteligente de proteção que se estende por todo o Universo, constituída daqueles Espíritos que já alcançaram a perfeição. Esses Espíritos sábios e lúcidos nos proporcionam auxílio, recursos, meios e oportunidades para vivermos em segurança na nossa condição de filhos de Deus. Nós participamos dessa rede de proteção: ao mesmo tempo que somos beneficiários dela, Deus também espera de nós que em relação às outras pessoas possamos servir de intermediários desses benfeitores espirituais no auxílio a quem estiver precisando.
E quanto à educação? Como Pai Amoroso, Deus tem planos para nosso futuro. Seu plano ambicioso para nós todos é que possamos desenvolver plenamente o nosso potencial, para bem administrarmos a herança da imortalidade. Esse potencial pode ser resumido em duas palavras: amor e sabedoria.
E como Deus concretiza seus planos para o futuro dos filhos amados? Por meio de uma educação muito bem planejada. Sendo riquíssimo (ele é o dono de tudo), Deus investe os recursos da criação, do tempo e da oportunidade nos seus projetos em benefício do desenvolvimento pleno de seus filhos, que somos nós.
Metaforicamente, podemos dizer que Deus promove nosso desenvolvimento da seguinte forma: Como um Rei poderosíssimo, ele manda construir educandários, para onde envia seus filhos em regime de internato (como os pais ricos do mundo mandam seus filhos para escolas na Suíça, por exemplo).
Nossa escola em regime de internato é o planeta Terra. Um período letivo é uma encarnação. As férias – ou a recuperação para quem foi mal – são o nosso estágio no plano espiritual até a encarnação seguinte. E assim por diante. Para quem quiser conhecer a parábola completa da nossa evolução espiritual no planeta Terra, ela é contada no livro Os Filhos do Grande Rei, de Chico Xavier, pelo Espírito Veneranda.
Deus é Pai de todos nós
Sendo Deus nosso Pai, como disse Jesus na oração, somos todos seus filhos, portanto, somos todos irmãos. A condição de irmãos nos acarreta deveres de auxílio mútuo. Não só os parentes e amigos, mas a Humanidade inteira é nossa família. Jesus deu o exemplo da fraternidade e nós devemos seguir esse exemplo. Mas, a Humanidade é composta de bilhões de pessoas. Como atender ao dever de auxiliar a tantos irmãos? Jesus tem a resposta, ela está na parábola do Bom Samaritano: essa linda parábola, que você pode ler com comentários de Allan Kardec, está no livro O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo 15 – Fora da caridade não há salvação. Em resumo, Jesus ali nos ensina que nosso dever é amar o próximo e que o próximo é toda e qualquer pessoa que estiver perto de nós em situação de necessidade, precisando de ajuda ou socorro.
Que céu é esse?
Os céus são o Universo, criação de Deus. Quando diz “Pai nosso que estás nos céus”, Jesus nos ensina que Deus habita o Universo. Deus é onipresente e onisciente, ele está em toda parte e sabe de tudo que acontece. A Presença Divina, em torno de nós e dentro de nós, é contínua, ele vê tudo que pensamos, sentimos e fazemos.
Estando assim tão presente, Deus está sempre apto a nos ouvir! Podemos então nos comunicar com Ele? Sim! por meio da oração! Certa vez Jesus disse: – Quando quiseres falar com Deus, entra no silêncio do teu aposento… Esse aposento pode ser qualquer lugar, desde que tranquilo, favorecendo o recolhimento. E você, com o coração também tranquilo, também sereno, busque a presença do nosso Pai; exponha a Ele suas angústias, suas aflições, suas incertezas. Faça isso com fervor, de coração, e ele vai ouvir você. E vai responder por meio da rede de proteção da Divina Providência, como explicamos atrás.
E atenção: nós fazemos parte dessa rede de proteção! Assim como Deus nos ajuda por intermédio dos bons espíritos e das pessoas de boa vontade que encontramos em nosso caminho, Ele conta conosco para auxiliarmos, por nossa vez, ao próximo em necessidade.
Resumindo:
(1) Deus é o Pai que nos criou, deu-nos de presente a imortalidade, cuida de nós e promove a nossa educação intelectual e moral por meio de encarnações nos mundos habitados do Universo, que são imensos educandários. Pelas encarnações sucessivas vamos todos desenvolver as virtudes que herdamos do Nosso Pai: o amor e a sabedoria.
(2) Somos todos irmãos por parte de Deus, com o dever de nos auxiliarmos mutuamente; toda pessoa em situação de necessidade ou sofrimento perto de nós, seja nossa conhecida ou não, é credora de nossa ajuda por direito de nascimento.
(3) Deus está em toda parte e a rede de proteção da Providência Divina se estende por todo o universo. A oração é nosso meio de comunicação com Deus, somos beneficiários da sua Divina Providência e Ele conta conosco em retribuição, para auxiliarmos o próximo.